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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Nova ameaça às onças do Pantanal: os traficantes de drogas!

Traficantes de droga: nova ameaça às onças do Pantanal
Em foto de 2013, Sally, a onça que provavelmente foi morta por traficantes de droga. uma onça-pintada que vivia no Pantanal no Brasil, quando ela ainda estava viva em 2013. A imagem foi feita por uma turista e ajudou a identificar a carcaça do animal.

Na manhã de 29 de março, Sally foi encontrada boiando no rio Cuiabá. Sem vida e inchado, seu corpo ia boiando lentamente em direção à Bolívia, quando peões de uma fazenda local puxaram-no para a praia. Na sua nuca brilhava o vermelho de dois ferimentos à bala. Na fazenda tiraram fotos, chamaram a polícia local e esperaram as autoridades para recuperar o corpo.

A autópsia revelou que ela provavelmente foi morta no dia anterior, por um tiro de cima - e de bem perto - de um revólver calibre 38. No primeiro semestre de 2014, no Pantanal, Sally foi uma das três onças baleadas e mortas. O Pantanal é a maior área úmida tropical do mundo. Este isolado delta na parte centro-oeste do Brasil abriga a maior população de onças-pintadas do mundo: estima-se que até 11 animais por quilômetro quadrado.


A notícia logo se espalhou pelas fazendas, hotéis e pousadas que pontilham nessa região e pelas organizações conservacionistas no exterior, muitas das quais especializadas na proteção a onça-pintada. Em uma hora a onça foi identificada através de fotos tiradas em 2013 que mostravam marcas singulares no lado esquerdo do corpo. A autora das imagens foi uma turista chamada Sally, e, por isso, seu nome foi dado à onça. Em menos de uma semana surgiu uma fazenda local oferecendo uma recompensa de US $1.000 por qualquer informação relacionada à morte do animal. Á medida que a perplexidade e a desconfiança aumentavam, conservacionistas no exterior se ofereceram para colaborar. No final, a recompensa atingiu mais de US $ 2.000. Se condenado, o responsável por esse tipo de crime pode pegar até cinco anos de prisão - sem fiança - e uma multa de US $ 5.000.

Novos suspeitos

"Sempre que encontramos o corpo de uma onça, ficamos desconfiados", disse Alexandre do Nascimento, chefe da polícia militar em Corumbá, cidade localizado na fronteira com a Bolívia e que é a porta de entrada para o Pantanal. Sua equipe está entre aquelas designadas para investigar o caso. "Se fosse um fazendeiro, teria tido o cuidado de enterrar o corpo, enquanto se fosse alguém que estivesse caçando ilegalmente, teria levado a pele."

Na verdade, as autoridades agora se voltam para um novo tipo de suspeitos neste caso: traficantes transportando cocaína entre a Bolívia e o Brasil. Eles são conhecidos por usar os rios Paraguai, Cuiabá, e Pirigara. Acredita-se também que usem armas curtas - o tipo que disparou dois tiros no pescoço de Sally. Para os traficantes de drogas que se deslocam através do Pantanal, as onças atraem turistas e policiais para rotas fluviais remotas.

Os fazendeiros do Pantanal, antes considerados os maiores inimigos das onças, agora estão entre seus mais ardentes protetores. Junto com grupos conservacionistas, eles começam a tentar novas estratégias para proteger o grande felino da ameaça que emerge do próspero negócio de drogas da região.

"Essas onças agora valem mais do que qualquer pessoa por aqui", disse Nilson Soares, que trabalha em uma empresa de processamento de couro de jacaré em Poconé, uma empoeirada cidade de fronteira no extremo norte do Pantanal. "Mas todo mundo nesta cidade já esteve do outro lado desta questão, mesmo que não falem sobre isso. Eles se lembram de quando as peles de onça circulavam por aqui".

Vaqueiros convertidos em conservacionistas

Durante anos, o Estado fez vista grossa aos fazendeiros que caçavam onças para proteger seus rebanhos de gado. Na década de 1960 e início dos anos 70, o comércio mundial de peles agravou esta tendência, e foi responsável pela morte de cerca de 18.000 onças por ano. Além disso, safáris ilegais traziam turistas endinheirados de todo o mundo para fazendas que ofereciam pacotes de caça, com tudo incluído. É difícil apontar números exatos, mas por volta dos meados dos anos 70, a população de onças pantaneiras caiu sensivelmente.

Mas na década de 1980 duas coisas mudaram em favor das onças. O governo brasileiro, que havia proibido a caça do animal em 1967, começou a intensificar a repressão à atividade. E, ao mesmo tempo, o preço da carne de vaca caiu. Muitos fazendeiros abandonaram suas fazendas durante esses anos, enquanto os que ficaram deixaram de ver o gado como uma fonte confiável de renda.

Hoje em dia, os fazendeiros ganham mais cobrando dos turistas por tours de observação das onças do que as abatendo para proteger o gado. O ecoturismo atrai cerca de 68 mil turistas por ano e passou a ser boa para a indústria de gado. A população de onças da região se recuperou.

"Agora as pessoas percebem que se a onça morre o fazendeiro sofre. As onças podem comer todo o gado que quiserem na minha fazenda", disse Jamil Rodrigues da Costa, um fazendeiro de gado de quarta geração e proprietário do Hotel Porto Jofre, uma pousada ecológica no Pantanal.

Nem sempre foi assim. Seu avô, um dos caçadores mais conhecidos do Pantanal, construiu um patrimônio em terras vendendo peles de onça. "Naqueles dias, os fazendeiros locais, ansiosos por ver as onças mortas, pagavam duas reses para cada onça que ele matava", disse Costa. "Mas esse era o Pantanal de então, e as coisas mudaram muito nos anos que passaram".

Veja a matéria completa no site  ((O)) eco
Fonte:

Acesso em: 07/11/2014