Veado-catingueiro
Mazama
gouazoubira
O veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) é, provavelmente, a
espécie de cervídeo mais abundante do Brasil, presente em todos os seus biomas.
Por essa razão, é reconhecida por uma variedade de nomes, tais como:
veado-virá, virá, virote, guaçutinga, guaçucatinga, cabra silvestre, guaçubirá.
Também é encontrado desde o México até a Argentina, onde recebe os nomes de
corzuela común, corzuela parda, guazu, guazu virá.
Bem adaptável, o Mazama gouzazoubira pode habitar áreas
altamente modificadas pelo homem, o que explica a sua abundância:
provavelmente, a própria ação humana tenha beneficiado a espécie em algumas
localidades, pela remoção da floresta originalmente presente em grande parte de
sua área de distribuição, o que permitiria seu avanço sobre áreas antes indisponíveis.
Importante ressaltar que esta é uma característica preocupante, já que dá à
espécie um alto potencial invasor, pois vai competir com vantagem sobre os
habitats de outras espécies do gênero Mazama, que são menos competitivas e
ecologicamente mais próximas (isto é, mais raras).
O catingueiro é um cervo de pequeno porte, pesando em torno
de 18 Kg, com altura média de 50 a 65 cm e entre 88,2 e 106 cm de comprimento.
A coloração geral dos indivíduos é extremamente variável, podendo ir do cinza
escuro até o marrom avermelhado. A região ventral é mais clara, com áreas
brancas na parte inferior da cauda e face interna da orelha. A maioria dos
indivíduos tem uma pinta branca acima dos olhos, que é característica exclusiva
dessa espécie. Os chifres, quando presentes, não são ramificados, possuem entre
6 e 12 cm de comprimento.
Ele parece evitar florestas altas, preferindo áreas de
vegetação densa como capoeiras, bordas de mata e matas em regeneração inicial.
Sua grande flexibilidade ecológica – como já observado – também permite que
ocupe áreas modificadas pelo homem e áreas agrícolas como: canaviais e plantios
comerciais de eucalipto e pinheiro.
São animais geralmente diurnos e solitários, mas podem
formar pequenos grupos em período de escassez de alimentos ou na época de
acasalamento. Demonstram um comportamento fortemente territorialista, com
marcação de território feita principalmente pelos machos através do uso de
sinais odoríferos e visuais (exemplos: retirada de cascas de árvores com os
incisivos inferiores, a deposição de fezes e urina ou a sinalização através de
glândulas odoríferas). Apesar disto, são tímidos e esquivos, presas constantes
de onças – onça-pintada (Panthera onca) e a onça-parda (Puma concolor) são seus
principais predadores –, pumas, cachorros-do-mato e principalmente do homem.
Alimentam-se de frutas, flores e folha. Embora a
disponibilidade de alimentos ao longo do ano afeta diretamente a reprodução dos
cervídeos, o veado-catingueiro ainda é capaz de se reproduzir em todos os meses
do ano, mesmo quando há escassez periódica. Uma fêmea pode ter duas ninhadas em
um mesmo ano. A gestação dura cerca de 7 meses e gera um filhote por vez. Os
filhotes com pintas brancas na pelagem que começam a desaparecer do quarto até
o sexto mês. Os pequenos ficam escondidos na vegetação densa nas primeiras
semanas de vida e permanecem com a mãe durante oito meses ou até o nascimento
da próxima cria. A desmama ocorre por volta do 3° ao 4° mês de vida.
Embora a espécie apresente tendência de ampliação de área de
ocorrência e da área de ocupação, e uma população total de indivíduos maduros
maior que 10 mil indivíduos, em razão da destruição de hábitat, por doenças
transmitidas por animais domésticos (zoonoses) e à caça, a espécie já está
presente na lista de Referência da Fauna ameaçada de extinção no Rio Grande do
Sul, na categoria de "vulnerável" e na lista das espécies ameaçadas
de extinção do estado do Rio de Janeiro, como "em perigo". Mesmo
assim, pela característica da abundância é globalmente avaliada como MenosPreocupante (LC) pela IUCN e pelo ICMBio.
Acesso em 19/05/2014
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