O mutum-do-nordeste é uma ave muito rara.Foi descoberto em 1766, por cientistas que viajavam pelo nordeste do Brasil, mas esteve sumido por muitos anos. Em 1951 ele foi reencontrado e em 1970 já era considerado quase totalmente extinto da natureza. Hoje está entre os animais mais ameaçados do Brasil.
O mutum-do-nordeste é uma ave difícil de ser avistada. Apesar de voar, prefere andar com suas pernas longas e fortes pelo chão da Mata Atlântica. Sua plumagem é preta com reflexos azulados e alaranjada na barriga. Seu bico é vermelho-claro na metade mais próxima à cabeça e esbranquiçado mais para a ponta. Na região ao redor do canal auditivo, ele não tem penas.
Por ter ficado tanto tempo desaparecido, os pesquisadores não têm muitas informações sobre ele em vida livre. Sabe-se que ele gosta de comer frutos de catuaba e outras poucas plantas. O único ninho desta ave observado até hoje na natureza estava no alto de uma árvore, em meio à folhagem densa.
O biólogo Pedro Nardelli empreendeu uma verdadeira operação de resgate para tentar salvar o mutum-do-nordeste da extinção. Ele trouxe as últimas cinco aves que encontrou no estado de Alagoas para um criadouro, no Rio de Janeiro. A partir dessa iniciativa de preservação, a espécie pôde se reproduzir e foi observada de perto.
No criadouro, o mutum-do-nordeste se alimenta de ração, frutas, fígado, ovos e mel, além de verduras. As fêmeas iniciam a reprodução após o segundo ano de idade e põem de dois a três ovos, que levam cerca de trinta dias para eclodir. Poucas horas após o nascimento, os filhotes já seguem seus pais. Com três meses, a plumagem deles já está completamente substituída e em menos de um ano atingem o porte de uma ave adulta.
Alguns locais de Alagoas, um dos estados originais do mutum-do-nordeste, parecem adequados para reabrigar as aves nascidas em cativeiro - já são mais de 120 indivíduos. Mas, para que esses animais possam voltar à natureza em segurança, é preciso recuperar e preservar outras matas da região, além de monitorar os indivíduos.
Fonte:
Revista Ciência Hoje das Crianças
Revista Ciência Hoje das Crianças
Nº 226 - Agosto de 2011 - pág. 16
Texto adaptado
Texto original é de Pedro Garcia
Departamento de Zoologia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro e
e Maria Alice S. Alves
Departamento de Ecologia
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
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